sábado, 20 de novembro de 2010

18 de Novembro - Dia Mundial da Filosofia


Mensagem da Sra. Irina Bokova, Directora-Geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial da Filosofia,  18 de novembro de 2010.

«Todo os anos o Dia Mundial da Filosofia representa uma oportunidade única de reunir a comunidade filosófica internacional e estimular a reflexão sobre questões contemporâneas.

Segundo sua Constituição, a UNESCO esforça-se em promover o livre pensamento e o diálogo por meio das suas actividades no campo de educação, cultura, ciência e comunicação. Como a defesa da paz deve ser construída na mente dos seres humanos, é nosso dever trabalhar para fortalecer essas mentes por meio do pensamento crítico e do entendimento mútuo.

Em 2010, o Dia Mundial da Filosofia também se inscreve no marco do Ano Internacional para a Aproximação das Culturas e, portanto, é revestido de suma importância. De facto, a filosofia ensina lições de diversidade por meio das suas múltiplas escolas de pensamento em todas as épocas e todos os continentes. 

A complexidade dos problemas actuais convida-nos a aproveitar essa riqueza para construirmos  a nossa capacidade de analisar a realidade. A intensificação de todos os tipos de intercâmbio encerra uma grande promessa de oportunidades de compartilhar, mas também envolve o risco de mal-entendidos e tensão. É necessário redobrar os esforços colectivos para garantir a todos uma educação de qualidade e um ambiente favorável, onde cada homem e mulher possa expressar as suas ideias e enriquecer o debate público, promovendo a justiça e a paz.

Para tal, os organismos internacionais, especialmente a UNESCO, devem desempenhar um papel fundamental, como o apoio de todos os agentes académicos, científicos e culturais e o envolvimento das universidades, dos media, da sociedade civil e dos governos. A filosofia é uma das exigências de nossa época, e a sua consolidação é um eixo primordial para o nosso compromisso com o novo humanismo.

Por ocasião deste Dia Mundial da Filosofia, a UNESCO reunirá filósofos, cidadãos ilustres ou pessoas simples, com mentes inquiridoras, em mesas redondas, conferências e simpósios para aprofundar nosso entendimento sobre as questões contemporâneas: 
  • Como podemos conciliar a universidade de valores e a diversidade de culturas?
  • Qual o papel da filosofia na aproximação dos povos?

Oitenta eventos internacionais serão realizados no mundo inteiro, com apoio de nossos parceiros, das Cátedras UNESCO, das Comissões Nacionais e redes de peritos, como a Rede Internacional de Mulheres Filósofas, para que este exercício de questionamento, que é o primeiro passo para a sabedoria, possa ser difundido ao máximo.»

domingo, 20 de junho de 2010

José Saramago 1922 - 2010

O encontro com a Escrita inquieta, desafia paradigmas, faz reconfigurar conceitos, as verdades aprendidas acriticamente...

É a convocação para que o Género Humano procure compreender a razão de ser da palavra que evoca uma relação: significante-significado-signo; variável de um dado contexto sócio-cultural.

Do acto da escrita como procura do belo, do grito face a injustiça e a mentira à escrita como alento para que através de tons sombrios emerja a Luz que tudo transfigura quando se torna nossa...

Recordando Saramago, aqui fica um dos seus belos textos. Uma abordagem fascinante entre a mundividência do saber do senso-comum e do conhecimento, dito, esclarecido...


"Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal! Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los.
Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma.
Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?...)
Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo.
Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não fazia parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal, a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha vã e chão de terra batida. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender.
Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Porque foi então que te roubaram o mundo? Quem to roubou? Mas disto entendo eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava. Não teremos realmente? Eu não terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa, de que me não acusas – e isso ainda é pior.
Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!» É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua."
José Saramago(1971). Deste Mundo e do Outro

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ágora

La vida está llena de maravillosas sorpresas. Pero es necesario educar los ojos para verlas y la mente para analizarlas y entenderlas. Todo habla en la vida, pero no sabemos oír lo que dicen las cosas, las personas y las situaciones. Hay muchos aspectos curiosos del comportamiento humano que pueden ser contemplados y estudiados si cultivamos la curiosidad, la actitud de asombro. Si nos hacemos preguntas de manera constante, como dice Savater en su último libro “La aventura de pensar”: “Yo siempre he dicho que se filosofa no para salir de dudas, sino para entrar en ellas”.
Miguel Angel Santos Guerra



Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos
Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Sophia de Mello Breyner Andresen
Dual (1972)

Filosofia em Acção

Nasce um "Pro-jecto"

Nasce um "Pro-jecto"
Pelo Prof. Alcino Viana (ESM)

Compromisso

Compromisso
Alunos Monitores