«Mas, será que podemos dizer tudo,
tudo o que nos ocorre?É isso que se pretende exactamente:
provocar um turbilhão de ideias,
uma tempestade cerebral.
Pretende-se fazer cair as barreiras do medo,
do ridículo,
do estúpido,
do imoral.
Agora, podemos dizer tudo,
deixar actuar a nossa cabeça
sem censuras interiores,
sem censores sociais.
E falar livremente,
sem que a pressão interior nos amarre,
sem que os possíveis sorrisos nos inibam,
sem que o esperado elogio determine a nossa intervenção.
No sistema educativo,
tudo é decorar,
reproduzir,
copiar.
O sistema educativo
transformou-nos
em aprendizes de taquígrafos,
em fitas magnéticas que gravam e reproduzem.
Que bom é sentir perpassar sobre a turma
este alento de liberdade
mais ou menos plena em experiência,
após muitos anos de silêncio,
de opressão!
Entre milhares de ideias
surgirão algumas excepcionais,
provavelmente uma genial.
A mente trabalha em novas direcções,
voltando as costas ao pensamento convergente,
sentindo a afirmação da própria identidade:
"Caramba, penso, logo existo"»
Miguel Ángel Santos Guerra